O TRISTE FIM DOS SINCEROS
Nossa falta de
sinceridade é o que nos mantêm vivos. Se fossemos sinceros ao extremo já
teríamos morrido. Não haveria mais primeiras e segundas intenções, gentilezas e
certas cerimônias adotadas pelos apaixonados. No emprego seríamos altamente
competitivos, nas relações sociais seríamos agressivos e todo mundo passaria a
dizer o que realmente está buscando.
Sem contar o prazer de
mantermos os dentes na boca e o não ter que trocar o guarda-roupas inteirinho
com aqueles looks que você acreditava estar arrasando.
A falta de sinceridade
mantêm os casamentos fálidos e muita gente feliz nos porta-retratos. A amiga
espalhafatosa do lado, os amigo bagunceiro do outro e assim a vida vai
seguindo.
Não teríamos chegado tão
longe se tivéssemos sido honestos O TEMPO TODO e nem tanta admiração dos amigos
se só disséssemos à verdade. O que seria dos hipócritas, dos sínicos, dos
pervertidos, dos mentirosos, dos envolventes e dos inesquecíveis que tiveram
por uns instantes o nosso coração nas mãos? O que teria sido de nós sem o sonho
dos amores imaginários, das princesas sem chulé e dos sapos que enxergávamos
príncipes?
Não os teríamos amado
tanto, nem descoberto o amor.
A sua banda favorita,
sua música favorita, seu ator favorito. O que teria sido da sua arte se não
fosse à ausência da verdade?
Precisamos nos enganar
para continuar enganados e acredite, é bem melhor assim.
Quando dizem que não
precisamos emagrecer, que não precisamos trocar o vestido, que não precisamos
mexer no cabelo ou que o carro ainda pode rodar mais uns 30 mil kilometros,
acredite, é verdade. A ausência disso o faria meter uma mão no bolso e outra na
cabeça, porque além de pobre e falido você estaria louco.
Quando alguém disser a
você que está bonito, acredite. É bem melhor assim.
Acredite também nos
sedutores, nos amantes, nos bem intencionados. Eles só fizeram o bem, além de
terem nos ensinado a passar a receita adiante.
Nossa falta de
sinceridade é o que nos faz feliz e dessa forma vamos construindo uma cabeça
equilibrada fingindo para os outros que além de confiáveis, somos normais.
Afinal de contas quem duvidaria da nossa insanidade?
Pelo bem da humanidade
ninguém nesse mundo é sincero, mas o Prozac é.
Sincero e discreto.
Precisamos dessas meias
verdades para estarmos bem, porque fingimos estarmos bem quando não está tudo
bem. Fingimos ser feliz quando na verdade não somos felizes. E acredite, é bem
melhor assim.
Infelizes mesmo são os
sinceros que apesar de só dizerem à verdade são acusados a todo instante de não
saberem amar ninguém.
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