quarta-feira, 8 de junho de 2011

Melhor faltar na noite dos namorados!

           A falta é um negocio engraçado. De repente chego à conclusão de que a ausência de algumas coisas faz que entendamos a razão de tudo. Se pararmos para pensar que isso começa desde a infância com a falta de um brinquedo, a falta de um irmãozinho, ou até mesmo de outras crianças circulando no playground vai começar a entender melhor do que estou falando. Depois a gente cresce e percebe que a falta continua como a de um grande amigo, de um grande amor, de uma rotina que nos faça entender na verdade quem somos. Já pensou como é terrível passar o dia dos namorados sozinho sem ter por quem pegar filas terríveis e gastar a paciência na fila do caixa? Sem contar à agonia que é sair à noite na cidade de São Paulo tentando encontrar um lugar sequer, nem que seja perto dos engradados de cervejas vazias, onde se possa sentar e rir de algumas bobagens em boa companhia.
Alguém já contabilizou a quantidade de términos de namoro depois desse fatídico dia? A quantidade de troca de sapatos por uma bolsa nova, aquela camisa listrada que só te engorda por um par de havaianas ou até mesmo aquele cd da Macy Gray do qual você só gosta da primeira musica. Nessas horas vale trocar o presente por qualquer coisa que lhe faça esquecer aquela namoradinha sem graça de dois dias atrás.
Nada é mais convergente do que o amor e uma data comercial como está.  Nessas horas é que a gente vê que o amor tem preço. Tem que valer a pena parar diante da vitrine e imaginar que a sua namorada ficaria linda naquele vestidinho preto quase “indefectível" sem o dia-a-dia que a deixará gorda naquele tecido todo repuxado alguns anos depois. Isso é o que chamamos de cair na realidade. Sem contar o grande “sincericídio” que fecha a noite do dia dos namorados, quando algumas pessoas resolvem matar umas às outras com seus rompantes de sinceridade do tipo: “Lembrei que já não te amo mais”, “Sabe eu andei pensando: Você não acha que seria melhor se a gente fosse apenas bons amigos?" Coisas desse tipo que faz com que a gente chegue à conclusão de que a falta de sensibilidade até para ter sinceridade também faz falta. Por isso é melhor acreditar na boa e velha dose do dia seguinte.
Nada de guardar fotografias desse dia e pendurá-las no Facebook para que seus amigos vejam que você estava muito feliz naquele jantar a luz de velas, de onde você ao acordar no dia seguinte se deparou deitado diante das sobras de cenário romântico do velho oeste como se aquilo tudo tivesse sido emprestado da novela das oito. Ai, a melhor saída é correr para o chuveiro depressa e se virar nos trinta antes que a limusine volte para locadora. É claro que ninguém passará por isso, e ainda que passasse, raras seriam as pessoas que contariam essa realidade algum dia. Vão preferir recontar o sexo selvagem que fizeram no tapete da sala, marcas de mordidas no calcanhar, as “esquentadinhas” no corrimão da escada, sem contar as juras de amor a base dos chicotinhos e alicates de cutículas. Já dizia minha avó: “O amor vicia tanto as pessoas que ninguém mais reconhece o prazer de ser feliz sozinho".
Voltando à cena do dia dos namorados, uma amiga me contou que resolveu dar bola para um japoneszinho que há dias estava no pé dela só para não ficar sozinha na noite fria e tumultuada dos namorados e já no meio do jantar nipônico, o cara resolveu escolher a pizza mais barata do lugar, propôs fazerem um brinde com refrigerante, comeu a metade da sobremesa dela e ainda propôs dividir a conta. Imaginem a cara que ela fez fingindo sair feliz do restaurante. Resultado: chegou em casa, deu boa noite, fechou a porta do carro e saiu sem dar um beijinho. Pobre da amiga que esperava fazer alguns pontos no X-box do japonês e agora vai ter que esperar pelo Natal. E pobre também do japonês que não entendeu os motivos de ter voltado para casa mais cedo, quando poderia ter passado umas horinhas a mais na casa da nova namorada para economizar com o motel.
Tá vendo como a vida às vezes faz uma sacanagem dessas com a gente? Melhor faltar no dia dos namorados do que passar por uma coisa dessas. Volta para o final da fila japonês que mulher bonita a gente tem que pagar o preço que vale, ainda que não coma os oito pedaços da pizza.
Não estou deprimido e nem tão pouco sou um dos tantos solitários que estarão disponivéis no dia dos namorados, apenas fui solidário a tantos casos como este. No entanto quem quiser o telefone da amiga ou do japonêszinho pão duro, posso providênciar.
              O que importa é que estando ou não acompanhado no dia dos namorados você se mantenha otimista, afinal de contas você não está sozinho porque quer, pelo contrário você é até “legalzinho”. Pena que é pobre. No mais dormir juntinho é muito bom, mas aprender a estar sozinho também vale a pena.

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